segunda-feira, 26 de maio de 2014

Medindo a espiritualidade. Como assim? [parte 1]



É comum hoje no meio evangélico, as pessoas tentarem ser mais espirituais do que outras, ou até mesmo tentar medir a espiritualidade do irmão da igreja.
Geralmente essa medida é baseada em fatores externos como: bebemos? proferimos maldições? escutamos músicas seculares?
Há ainda a medida baseada nos dons espirituais, onde o crente necessita basicamente de pelo menos um dom espiritual para ter uma boa pontuação no grau de espiritualidade, mas não só isso, além de possuir ele precisa demonstrar que possui o dom.
Uma outra medida muito usada, é o grau de frequência aos cultos e encontros, ou até mesmo a quantidade de jejum e oração. Bem, nesse ponto em específico fico me perguntando se são evangélicos ou católicos?

Todos esses padrões citados acima, frequentemente são usados para medir a espiritualidade do indivíduo, mas são falhas, vazias e sem sentido.
Abaixo, descrevo alguns pontos que considero crucial para entendermos a questão da espiritualidade:

1º Só Deus é onisciente

"Tal ciência é para mim maravilhosíssima, tão alta que não posso atingir" (salmo 139:6).
Apenas Deus conhece o nosso ser profundamente, ele conhece e sonda nossos corações. O versículo em destaque nos mostra que é impossível para qualquer homem saber o que se passa no interior do próximo. Então, como eu posso tentar medir a espiritualidade de alguém? penso que os crentes "oniscientes" devem vigiar mais.

2º Cuidado para não ser um fariseu!

Alguns cristãos de hoje não são muito diferente dos fariseus, pois, igualmente aos fariseus eles observam a maneira como você ora, o jeito que você glorifica a Deus, quantas vezes você foi ao culto, ou até mesmo se você falta na oração do monte para fazer coisas esquisitas e falar palavras sem sentido. Isso me lembra o que Jesus disse no evangelho de mateus: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e intemperança" (mateus 23:25).
Acredito eu que na cabeça desses crentes, Deus vai ter um diário de classe onde terá marcado a frequência de cada um na igreja, quantas orações fez e por aí vai.
Realmente eu não acho que o relacionamento com Deus se resume a uma sala de aula, onde ele tem uma lista de frequência.

3º Dom espiritual não é parâmetro

A igreja de corinto aparentemente, era uma igreja dotada de dons espirituais, principalmente no dom de línguas. Mas veja o que Paulo diz: "Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai" (I Coríntios 5:1). Veja que Paulo afirma que nem entre os descrentes ele havia visto algo tão reprovável. Sendo assim, aparentar ter um dom espiritual, e quando este é realmente legítimo (o que não vemos nos dias de hoje), não é parâmetro para medir espiritualidade de ninguém e muito menos intimidade com Deus. Quando Deus distribui um dom ele não mais é tirado mas permanece, independente de pecado cometido por quem possui o dom.
"Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento" (Romanos 11:29)
Deus usa seus dons através da pessoas da forma que ele quer e quando ele quer, é ele que "aciona o botão" do dom e não o contrário.

Mas então, como vou basear minha espiritualidade?

É normal querermos medir nossa capacidade e nível de inteligência em provas e testes de Q.I. A nossa intimidade com Deus e nível de espiritualidade não é diferente, queremos sempre medir e saber como estamos e o que devemos fazer para elevar esse nível.
Como já disse anteriormente, os métodos citados acima não são nem de longe aceitáveis. Mas existe sim, um teste verdadeiro, a evidência dos frutos do espírito santo, que geralmente é ignorado ou minimizado. Estes sim produzem uma diferença na vida espiritual, produz um diferencial na vida do crente.

Em breve a segunda parte. No amor de Cristo,

domingo, 18 de maio de 2014

Dom de Profecia


Existe na internet um material vasto sobre este assunto, claro, que nem todos são aproveitáveis, mas, se você digitar no Google vai encontrar muita coisa.

Mas o que é um blog reformado se não falar sobre dons espirituais? O assunto é polêmico pois há vários pontos de vista diferentes, mas aqui, irei tentar explicar da maneira como eu entendo e começar falando sobre a diferença entre profecia no velho e novo testamento.

1ª Forma

No velho testamento, Deus falava de forma direta aos profetas. Tanto que, ao dizer o que tinha para falar, o profeta pronunciava: "Assim diz o Senhor..."
Já no novo testamento, Deus fala através de sua palavra, ou seja, a bíblia. Alguns podem dizer: "ah, mas na época dos apóstolos a bíblia não estava disponível e completa." Isso é verdade, e por isso podemos afirmar que os apóstolos foram os últimos profetas, onde as grandes e últimas revelações futuras foram dados por eles. Mas é bem verdade que Jesus que era a palavra encarnada, já havia vindo e estado entre eles, falando sobre tudo.

2ª Objetivo

Os objetivos são bem claros. No velho testamento, o objetivo era alertar o povo sobre seus maus caminhos e o consequente afastamento de Deus através da idolatria. Já no novo testamento o objetivo é o arrependimento, é a aproximação de Deus através de Jesus.

3ª O que se esperava

No velho testamento se esperava a revelação de acontecimentos futuros, seja em decorrência da desobediência do povo, ou mesmo por anunciar boas noticias, como por exemplo a vinda do Messias. É bom deixar claro que o acerto era de 100%, os profetas nunca erravam.
Já no novo testamento, se esperava uma edificação para o crescimento espiritual, uma palavra forte e as vezes até ríspida para fazer as pessoas refletirem sobre sua natureza má.

Perguntas frequentes:

1 - Ainda existem profetas?
Acredito que não, pois os profetas tinham uma vida irrepreensível, viviam para Deus e eram chamados por ele. Além de que, Deus falava com eles de forma direta.

2 - Ainda existe dom de profecia?
Talvez sim, se levarmos em conta a profecia como edificação do corpo (igreja) e usada também para exortação e consolo através da palavra de Deus (bíblia), sem atos e intervenções externas a essa (bíblia), sim, o dom de profecia ainda existe.

3 - E as revelações?
Bem, isso é assunto para outra postagem rsrs.

No amor de Cristo,

terça-feira, 13 de maio de 2014

O dia em que ouvi a voz de Deus


Já era tarde da noite, eu havia chegado da universidade e já me preparava para dormir quando algo diferente aconteceu. Uma voz soou ao meu ouvido e dizia “VINDE”, incialmente eu tentei identificar de onde vinha, pois, minha mãe já estava deitada e ninguém mais estava acordado. Foi quando identifiquei que algo extraordinário estava acontecendo, Deus estava falando comigo. Era difícil acreditar pois ele é o REI DOS REIS, SENHOR DOS SENHORES, MARAVILHOSO, CONSELHEIRO, PRÍNCIPE DA PAZ. Mas era verdade, ele estava falando comigo, logo comigo? Entre milhares de pessoas em todo o mundo, ele me escolheu, para falar de forma especial e diferente bem junto ao meu ouvido.
Fiquei ali esperando ele falar mais alguma coisa comigo e ele me disse “Quando ouvir a minha voz não endureça o coração” Uau, que extraordinário, ele estava me revelando coisas maravilhosas, o dono do universo estava falando comigo, assim como fez com Moisés, e falava para que deixasse o meu coração aberto para as suas palavras. Ele estava fazendo isto comigo e de forma quase que sobrenatural o meu quarto se transformava no centro do universo, pois o dono dele estava ali bem juntinho de mim. Não estava me sentindo digno de tanta honra por parte do todo poderoso.
Mas ele ainda falou-me algo maravilhoso antes de silenciar, ele me disse “Adore, se prostre e se ajoelhe diante de mim, pois eu te criei”, que maravilha, era uma ordem com uma elegância tão sublime que fiquei estonteante. Ah que noite maravilhosa, jamais irei esquecer!

Depois desta noite, Deus sempre tem falado comigo, basta eu abrir minha bíblia. Ele fala comigo de uma maneira que eu não sei explicar, e se você quiser sentir o que eu senti, basta ler o salmo 95. Como é maravilhoso sabermos que Deus fala conosco ainda hoje, mas da maneira correta, não por intermédio de outros, mas de forma direta, clara e absoluta.
Não que eu queira julgar, “profecias” e “revelações” de alguns irmãos, mas eu não troco nada pela palavra direta de Deus, pois ela é tudo para mim. Não troco ela por suposições ou achismos. Ela é completa e me dá todas as respostas. Ela é perfeita pois o autor dela é perfeito.

*Texto inspirado no artigo do Pastor John Piper, que você pode ler aqui

No amor de Cristo,

sábado, 10 de maio de 2014

Porque sou um reformado?

Inicio este blog com esta pergunta, e é uma pergunta que todo evangélico deveria fazer, pois vemos hoje em dia tantas denominações abarrotadas de gente que não sabem o que seguem, porque seguem. Apenas acham a oratória do Pastor bonita, ou simplesmente se emocionam com o culto de domingo. Longe de eu querer ser, ou até parecer, intelectual demais ou sabichão. Apenas quero colocar disponíveis meus pensamentos, e opiniões, a fim de ajudar irmãos em cristo com as mesmas dúvidas.

1ª Me sinto seguro

Não adianta seguir algo em que não tenhamos plena segurança do que estamos fazendo, pelo menos comigo é assim, pois sempre ficaremos com dúvidas. Um bom exemplo é o casamento, nunca iremos nos casar com alguém que não nos dê confiança, caso contrário passaremos a vida conjugal com dúvidas.
Na doutrina reformada eu me sinto seguro, me sinto acolhido e mais perto de Deus, pois consigo compreender um pouquinho mais do que ele é, ainda que eu jamais compreenda todas as coisas.

2ª Sola Scriptura
Somente a palavra de Deus e nada mais. Como é bom saber que a doutrina reformada se pauta pela maravilhosa e inerrante palavra de Deus apenas. Sola scripitura é um dos cinco solas da reforma e você pode conferir um pouco mais sobre eles aqui.
É pela palavra inigualável de Deus que todas as coisas acontecem e é por essa palavra que eu sempre me pauto e sempre vou me pautar em qualquer situação. Tudo é medido a luz da palavra, tudo é julgado por ela e sem ela nada se faz.

3ª Simples
Sou reformado porque acredito em uma fé simples, mas com total entrega e amor a Deus. Uma fé sem misticismo e sem colocar o homem no centro das coisas, mas sempre colocando Deus acima de tudo. Uma fé que na simplicidade consegue uma intimidade completa e profunda com Deus. É sem segredos, sem esforços esquisitos, sem óleos, sem complicações e sem forçar a barra. É leve e prazeroso.

4ª Coerente
Sou reformado porque devemos seguir a cristo de forma única e sem aberrações. Devemos ser coerentes com o que proclamamos ser, devemos ser loucos por cristo, mas sem cometer loucuras. Ser reformado é ser seguidor do Cristo revelado nas Sagradas Escrituras hebraico-cristã e que essas mesmas Escrituras são a Palavra de Deus, do Gênesis ao Apocalipse. Sendo reformado, quando interpreto as Escrituras, o faço pelo estudo sistemático e sério da mesma, buscando entender a intenção do autor sagrado ao transmitir o texto, que foi Revelado pelo próprio Deus, texto esse de instrução, de direção, de ensino prático para que o homem possa ser aperfeiçoado em Deus.

Finalizo com um texto de João Calvino:

"Pois o que melhor se coaduna com a fé, e mais convenientemente do que reconhecer-nos despidos de toda virtude, para que sejamos vestidos por Deus; vazios de todo o bem, para que sejamos por ele plenificados; escravos do pecado, para que sejamos por ele libertados; cegos, para que sejamos dele iluminados; coxos, para que sejamos dele restaurados; fracos, para que sejamos por ele sustentados; despojar-nos de todo motivo de glória própria, para que ele glorioso avulte e nele nos gloriemos?... Como, porém, nada devemos presumir de nós próprios, assim tudo de Deus se deve presumir. Nem por outra razão nos despojamos de vã glória, senão para que aprendamos a gloriar-nos no Senhor".
(CALVINO, João. Carta ao Rei Francisco I de França em "As Institutas...", Vol I.)

No amor de cristo,